Oswaldo Azzarini Rolla: mudanças entre as edições

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Edição das 17h10min de 10 de dezembro de 2017

Foguinho
Arquivo:Foguinho.jpg
Informações pessoais
Nome completo Oswaldo Azzarini Rolla
Data de nasc. 13 de setembro de 1909
Local de nasc. Porto Alegre, (RS), Brasil Brasil
Falecido em 27 de outubro de 1996 (87 anos)
Local da morte Porto Alegre, (RS), Brasil Brasil
Altura 1,80 m
Apelido Foguinho
Informações profissionais
Posição Técnico (ex-atacante)
Números no Grêmio como Jogador
Jogos Gols Média
227 127 0.56
  • A estatística pode estar incompleta.
Números no Grêmio como Treinador
Jogos Vitórias Empates Derrotas Aproveitamento
382 266               58               58 74.7%
  • A estatística pode estar incompleta.
Clubes de juventude
19201928 Brasil São José
Clubes profissionais
Anos Clubes
1928-1942
1942-1943
Brasil Grêmio
Brasil Hercílio Luz
Times/Equipes que treinou
Anos Clubes
1950
1953-1955
1955-1961
1960
1961-1962
1965-1966
1976
Brasil Esperança
Brasil Cruzeiro
Brasil Grêmio
Brasil Seleção Brasileira
Brasil Cruzeiro
Brasil Pelotas
Brasil Grêmio



Oswaldo Azzarini Rolla (Porto Alegre, 13 de setembro de 1909), foi um jogador de futebol, árbitro, treinador e posteriormente cronista esportivo. Atuou por 14 anos como atleta do Grêmio e 6 anos como técnico do Tricolor. Curiosamente, nasceu apenas 2 dias antes do aniversário do Grêmio, onde marcaria história alguns anos depois, sendo multi-campeão e marcando 116 gols com a camiseta tricolor.

Biografia

Filho do senhor Jaime Elígio e da senhora Edília, o jovem garoto morador da Zona Norte de Porto Alegre era conhecido como Foguinho, devido ao tom ruivo de seus cabelos. Uma curiosidade é que desde seus 12 anos de idade, disputava peladas com os detentos da Colônia Penal de São João, a qual era vizinha de sua escola. Todo domingo lá estava Foguinho, disputando acirrados jogos pelos irregulares gramados de areia da Zona Norte de Porto Alegre.

Com 16 anos de idade, e trabalhando como balconista na Loja Renner, Foguinho começou a jogar pelo São José. Em 1926, depois de uma gripe, Foguinho foi alertado por um médico que devido ao seu físico franzino, se não parasse de jogar futebol, poderia desenvolver tuberculose, que na época, não tinha cura ou tratamento.

O início no Grêmio

Dadas as condições, por um tempo, Foguinho acabou deixando de lado o futebol e passou a se dedicar ao remo e ao levantamento de peso, desenvolvendo assim um físico bastante acima da média para a época.

Com 20 anos de idade, Foguinho foi convidado pelo Grêmio para voltar ao futebol. Apaixonado pelo esporte, não pensou duas vezes e aceitou o convite.

Estreou no dia em que o Grêmio completava 26 anos e ele mesmo, 20 anos e 2 dias. Em partida valida pelo Citadino de Porto Alegre, o Grêmio naquele 15 de setembro de 1929, vencia o Americano por 4 x 2. Naquele dia, Foguinho marcou seu primeiro gol com a camiseta do Grêmio e deu assistência para o gol de Coró.

Os refletores da Baixada

Dono de um caráter intocável, Foguinho era um trabalhador exemplar. Cumpria rigorosamente sua carga-horária na Loja Renner até as 18 horas. Então o que fazer?

Para que pudesse treinar e atuar com seus companheiros, a direção do Grêmio se viu obrigada a instalar novos refletores. Seria impensável perder o talento de Foguinho naquele momento.

Na noite 28 de julho de 1931, a baixada foi iluminada quando Ruth Antunes, filha do então presidente Álvaro Antunes, ligou os refletores pela primeira vez.

Naquela noite fria, 5 mil torcedores porto-alegrenses testemunharam um gol de Foguinho e o outro de seu melhor amigo de Grêmio, Luiz Carvalho. Na partida que marcou a inauguração dos refletores no Estádio, o Grêmio venceu o Internacional por 2 x 0.

Campeonato Farroupilha

100 anos da Revolução Farroupilha se completavam em 1935. No que para muitos foi o mais importante Grenal de todos os tempos, o Internacional chegava na partida decisiva com a vantagem do empate.

No que foi o último jogo de Lara pelo Grêmio, a tarde daquele 22 de setembro de 1935 era testemunha de uma partida muito disputada, mas com escassas oportunidades de gols.

Foi então que o visionário Foguinho entrou em ação. Faltando apenas 3 minutos para o final da partida, uma falta próxima da área do Internacional havia sido marcada. Foguinho aproximou-se de Mascarenhas, companheiro de Grêmio e deu a dica: “- Cobra essa falta na cabeça do Risada”.

A dica parecia absurda, mas mesmo contrariado, o companheiro seguiu o conselho. Bola cobrada e o zagueiro colorado Risada, como de costume, subiu mais alto que os gremistas e cabeceou a bola para entrada da área, tal qual o visionário Foguinho havia previsto. Com a mesma velocidade que chegou na canhota do craque gremista, ela voltou pra área colorada. Foguinho soltou uma bomba de primeira e estufou as redes do goleiro Filó. Estava finalmente aberto o placar do Grenal Farroupilha.

Desnorteado, o Internacional deu a saída, mas Foguinho predestinado e atento, roubou a bola , passou por toda a defesa vermelha e escorou para Lacy, livre de marcação vencer novamente o goleiro colorado e fechar o placar na Baixada: Grêmio 2 x 0 Internacional.

Início como treinador

Em 1942, Foguinho deixou o Grêmio. Ainda atuou mais um tempo como jogador, mas em seguida aposentou-se e foi cuidar dos negócios. Foguinho além de tudo, era um alfaiate de "mão cheia". Tinha seu próprio negócio e por algum tempo dedicou-se exclusivamente a isso.

Em 1950, agora o senhor Oswaldo Rolla iniciou sua carreira como treinador. Com uma rápida passagem pelo Esperança, de Novo Hamburgo. Mas foi apenas em 1953, no Cruzeiro que teve seu primeiro trabalho destacado em sua nova profissão.

Junto a seu novo clube, entrou pra história do futebol rio-grandense: O Cruzeiro foi o primeiro clube gaúcho a fazer uma excursão para a Europa.

Treinado por Foguinho, o Cruzeiro fez uma campanha vitoriosa no velho continente. Destaque para o empate em 2 x 2 contra o fortíssimo Real Madrid de Di Stefano, em pleno Santiago Bernabeu.

O criador do estilo gaúcho

Em sua excursão pela Europa, Foguinho observou com grande atenção os esquemas táticos que existiam por lá. Em 11 de janeiro de 1955, foi convidado por seu velho companheiro de Grêmio, o então presidente Luiz Carvalho para assumir o posto de treinador do clube.

O Grêmio vinha de um longo período de pouco investimento no futebol e muito investimento no patrimônio, o que resultou em anos de poucas conquistas dentro de campo pro lado gremista, mas de um recém inaugurado Estádio Olímpico.

Foi o casamento perfeito. O novo técnico caiu como uma luva no Grêmio. Respaldado por Luiz Carvalho, Foguinho chegou ao Grêmio disposto a implementar um estilo inovador de futebol. O Grêmio investiria em um preparo físico jamais visto entre os times gaúchos e o esquema seria o 4-3-3, espelhado na Seleção da Hungria que havia encantando o mundo na Copa do Mundo de 1954.

Coube a Foguinho adaptar o que de melhor viu na Europa, para a realidade do que encontrava aqui.Como primeiro ato, Foguinho dispensou nada menos que 22 atletas do clube que julgava serem inaptos na nova era que estava por vir.

Foguinho iniciou seu plano, investindo no condicionamento físico, adaptado para o biotipo de cada atleta do elenco tricolor. Um dos mais famosos exercícios do técnico gremista, era exigir que os jogadores subissem e descessem as escadas do Olímpico, por vezes levando uns aos outros nas costas.

O Formidável Grêmio de Foguinho

Toda essa teoria era colocada em prática a cada partida. O Grêmio de Foguinho era simplesmente uma máquina. Ninguém conseguia parar o Grêmio. Enquanto os rivais corriam, o Grêmio voava em campo. Enquanto os adversários venciam, o Grêmio patrolava.

Comandado por Foguinho, o Grêmio destroçou qualquer resquício de uma época de jejum de campeonatos e conseguiu com sobras, recuperar a hegemonia do futebol gaúcho. Em 1955, o título escapou por detalhe, mas a partir de 1956 o Grêmio iniciou uma hegemonia dentro do estado como jamais a história havia visto.

12 campeonatos em 13 anos

Sérgio, Aírton, Nelci, Figueiró, Calvet, Ênio Rodrigues, Hercílio, Gessy Lima, Juarez, Milton e Vieira. Esse foi o time base que em 1956 recuperou a hegemonia do futebol gaúcho para o Grêmio.

O time que foi iniciado por Oswaldo Rolla nos anos que vieram, empilhou nada menos que 12 campeonatos gaúchos em 13 anos. O final da década de 50 e a década de 60, foi a era de um Grêmio que tornou-se quase imbatível.

Essa geração gremista conseguiu não só projeção local, mas projeção nacional, fazendo enfrentamentos parelhos contra os mais fortes times brasileiros na época. O trabalho iniciado por Foguinho elevou o Grêmio e consequentemente o futebol gaúcho a um patamar que até então jamais havia sido alcançado.

Como treinador do Grêmio, Foguinho permaneceu até 1961, entretanto o seu legado se estendeu pelo resto da década. Além dos 12 campeonatos gaúchos que vieram ao longo desses anos, o Grêmio ainda foi 3 vezes semifinalista do Campeonato Brasileiro em 1959, 1963 e 1967 e Campeão Sul Brasileiro de 1962.

Do gramado para o microfone

Seu último trabalho como treinador de futebol foi em 1975, em uma rápida passagem pelo Grêmio. Ali encerrou-se definitivamente a carreira de Foguinho como treinador. A partir de então, durante anos foi integrante do programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. as marcas registradas de Foguinho permaneciam presentes consigo durante esse período: Sua formalidade e respeito e seus "erres" sempre muito puxados, eram parte do seu grande destaque durante sua carreira como comentarista. Permaneceu na Rádio Gaúcha até o ano de 1984

De São João para a história

Já muito debilitado, no dia 27 de outubro de 1996, aos 87 anos e vítima de um câncer no pâncreas, Foguinho nos deixou. Até quando pode manteve sempre sua rotina tranquila e suas caminhadas pela rua da praia.

Olhado de longe, via-se pelas ruas do centro da capital aquele pacato senhor de cabelos brancos, que iniciou sua vida jogando nos gramados de terra de São João e que levava consigo um passado glorioso e vitorioso. Oswaldo Azzarini Rolla, ou Foguinho como ficou conhecido: O homem que inventou o estilo gaúcho de se jogar futebol. O homem que construiu um dos mais fortes times que o Grêmio já teve. O homem que nos tornou Grêmio.


"Os meus critérios como treinador sempre foram o caráter do homem, a dignidade do homem. porque se não for um homem digno e de caráter não se pode formar um time de futebol" (Oswaldo Rolla, em 1983)

Títulos pelo Grêmio

Como jogador

Como treinador

Referências