Troféu Brasil de Atletismo
O Troféu Brasil de Atletismo é um campeonato de atletismo de nível nacional disputado entre clubes. Sua origem está no Troféu Ademar de Barros, criado pela Diretoria de Esportes do Estado de São Paulo em 1940. O Troféu Ademar de Barros era um troféu móvel, que ficou de posse definitiva do Fluminense por vencer três etapas consecutivas da competição entre 1941 e 1942, quando a competição foi descontinuada. Em 1945, o mesmo Departamento instituiu o Troféu Brasil, originalmente disputado apenas entre clubes de Rio de Janeiro e São Paulo. Assim como seu antecessor, o Troféu Brasil era uma taça móvel. Os quatro primeiros troféus foram disputados na forma de "melhor-de-dez etapas", sendo, em geral, disputadas duas etapas por ano. Posteriormente, ocorreram algumas modificações com relação à posse definitiva do troféu, porém o sistema de múltiplas etapas persistiu até o término do 8° Troféu Brasil, em 1989. A partir daí a disputa passou a ser anual, quase sempre em etapa única.[1][2] Na época em que foi disputado por etapas, a pontuação de cada prova era atribuída até o sexto colocado, na ordem de 13-8-5-3-2-1. Eventualmente, eram atribuídos pontos extras quando da quebra de recordes.
Já na segunda etapa do I Troféu Brasil pensava-se em tornar a competição realmente nacional. No entanto, apenas na sexta etapa, realizada em setembro de 1948, isso começou a se concretizar. Naquela ocasião, coube ao Internacional a honra de ser o primeiro clube gaúcho representado na competição, quando levou uma pequena delegação composta por apenas um atleta. No Congresso Técnico da competição, o senhor Pedro Richard, representante da FARG, pleiteou a organização de uma etapa do Troféu Brasil em Porto Alegre, para promover o intercâmbio entre os atletas. A organização considerou a ideia de criar um outro evento com este fim, mas negou a possibilidade de tirar o Troféu Brasil de Rio e São Paulo.[3] Na etapa seguinte, disputada em 1949, mais uma vez os gaúchos compareceram, com pequenas equipes de Internacional e Sogipa, que não chegaram a pontuar.[4] Para a nona etapa, entre os gaúchos, apenas a Sogipa compareceu, com uma equipe composta por duas mulheres. No dia 12 de novembro de 1950, durante a nona etapa, a jovem Ilse Gerdau, ainda competindo pela Sogipa, conquistou a primeira vitória de um clube gaúcho no Troféu Brasil, vencendo no arremesso do dardo.[5]
Na última etapa do I Troféu Brasil, realizada no Rio de Janeiro, em 1951, a própria Ilse tornou-se a primeira atleta do Grêmio a disputar e a vencer uma prova na competição. Ilse, chegada há poucos meses no clube, ficou na primeira colocação nos arremessos do dardo e do disco. Ela era a única representante de um clube gaúcho no evento, que ficou marcado pela quebra do recorde mundial do salto triplo por Ademar Ferreira da Silva, atleta do São Paulo.[6] Ao longo de suas primeiras décadas, o Troféu Brasil sofreu com constantes desacertos entre as entidades responsáveis pelo esporte nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo. Trocas de datas eram frequentes, o que dificultava o planejamento, especialmente, das equipes de estados mais distantes, como o Rio Grande do Sul. Assim, nesse período, os clubes gaúchos irregularmente enviavam delegações, quase sempre muito pequenas, apenas com atletas de altíssimo nível, como oportunidade de participar de provas oficiais. No caso do Grêmio, isso ocorreu com Ilse, em algumas etapas, mas também com Karl Kopitke e Isolino Taborda. Além de Grêmio, Internacional e Sogipa, Cruzeiro e Renner tiveram participações eventuais no Troféu Brasil.
No final da década de 1950, o cenário era um pouco diferente. O Grêmio passou a levar delegações completas, embora ainda pequenas quando comparadas às dos clube do centro do país. Com isso, venceu duas etapas e conquistou um segundo lugar no III Troféu Brasil, no auge do Departamento de Atletismo do clube. Os resultados deram ao Grêmio o vice-campeonato do Troféu, embora não tivesse participado de grande parte de suas dez etapas. Considerada por um momento a melhor equipe de atletismo do país, o Grêmio viu sua equipe esvaziada com a saída de diversos atletas importantes, como Érica Lopes da Silva e Maria de Lourdes Conceição, que foram para o Flamengo, então maior rival na categoria. Apenas em 1968, a supervisão técnica da competição passou para a CBD. O Grêmio continuou tendo alguns bons resultados na competição durante a década de 1960 e início da década de 1970, embora nunca com o mesmo brilho.
Participações do Grêmio no Troféu Brasil
Ano | Etapa | Local | Atletas | Classificação | Vitórias | Pontuação |
---|---|---|---|---|---|---|
1951 | I/10 | Rio de Janeiro-RJ | 1 | 10 | 2 | 25 |
1952 | II/1 | Rio de Janeiro-RJ | 1 | 8 | 1 | 21 |
1953 | II/3 | Rio de Janeiro-RJ | 1 | 10 | 2 | 34 |
1953 | II/4 | São Paulo-SP | 4 | 7 | 3 | 54 |
1954 | II/5 | São Paulo-SP | 16 | 0 | 8 | |
1957 | III/3 | São Paulo-SP | 1 | 14 | 1 | 13 |
1958 | III/5 | Rio de Janeiro-RJ | - | 0 | 0 | |
1959 | III/6 | São Paulo-SP | 1 | 5 | 153 | |
1959 | III/7 | Rio de Janeiro-RJ | 1 | 5 | 207 | |
1960 | III/8 | São Paulo-SP | 2 | 5 | 155 | |
1961 | III/9 | Rio de Janeiro-RJ | 14 | 0 | 3 | |
1964 | IV/5 | São Caetano do Sul-SP | 9 | 2 | 31 |
Referências
- ↑ Confederação Brasileira de Atletismo - Sedes do Troféu Brasil
- ↑ Confederação Brasileira de Atletismo - Vencedores do Troféu Brasil
- ↑ Correio Paulistano. São Paulo, 10 de setembro de 1948.
- ↑ Correio Paulistano. São Paulo, 8 de novembro de 1949.
- ↑ 1950.11.13 Diário da Noite (SP) - Ademar pôs em perigo o recorde mundial do triplo
- ↑ 1951.10.01 - Diário da Noite (SP) - Record Mundial do Triplo