Símbolos do Grêmio
No decorrer da história vários clubes de futebol iniciaram um processo de agregar símbolos a suas instituições. O Escudo geralmente aparece como primeiro símbolo de um clube, seguido da bandeira e hino, depois os mascotes, apelidos e afins. Até mesmo torcida e estádio acabam se tornando uma marca do clube e parte integrante de sua imagem. No Grêmio não é diferente, durante os anos o Imortal criou e modificou muito seus símbolos antes de ser o que são hoje. Abaixo alguns dos principais símbolos do Grêmio.
Escudo
O Grêmio, assim como vários outros clubes do Brasil e do Mundo, teve constantes e importantes mudanças em seu escudo no decorrer da história. Iniciado em 1903, o Grêmio teve como primeiro símbolo um emblema em azul e branco, logo depois substituiu esse por um escudo em formato de bola de futebol, que se manteve durante as décadas, sofrendo pequenas alterações.
Não se sabe exatamente quando o escudo do Grêmio passou do modelo inicial de 1903 para o modelo de 1911, pois não há fontes com datas precisas. O que se encontra é o primeiro estatuto social do clube publicado em 1911, onde esse modelo aparece pela primeira vez. Dentre os modelos abaixo expostos, dois são comemorativos, o de 1922 em comemoração aos 100 anos da Independência do Brasil, modelo não utilizado em competições, e o de 1953 em comemoração ao cinquentenário (jubileu) do Grêmio.
O escudo de 1911 é inspirado nas bolas de futebol da época, sendo o modelo inicial da evolução do escudo do clube. Nos anos 30 o escudo perdeu os polos brancos, que passaram a ser azul, ganhando novamente um contorno preto. Também nesse período as duas esferas existentes nos polos do escudo desapareceram.
De 1911 até 1963 pouca coisa havia mudado no escudo do Grêmio. A alteração mais significativa foi definida no data de 03 de junho de 1963, quando o Conselho Deliberativo aprovou a alteração do nome em destaque no centro para “Grêmio”, “1903” foi incluído na parte superior e “FBPA”, abaixo. Por iniciativa própria, o conselheiro Henrique Licht apresentou o esboço feito por sua esposa, Amarilli Boni Licht, para a avaliação do Conselho Deliberativo. Alguns conselheiros temeram pela tradição da marca de 60 anos. Mas contando com o apoio de notáveis como Hermínio Bittencourt e Henrique Amábile, a proposta foi acatada. Em 1963, o Tricolor já havia realizado diversas excursões e recebido inúmeras equipes de outros estados e países. Mas foram as grandes excursões para a Europa, em 1961 e 1962, o catalisador da mudança. O presidente Renato Souza explicou à Imprensa: “O Grêmio é conhecido no mundo inteiro, porém quem visse seu emblema não o identificaria.” Havia ainda outra motivação: como o Tricolor vinha expandindo cada vez mais a prática de esportes amadores, o novo distintivo seria obviamente mais adequado.[1]
Com a exceção da volta dos polos a partir de 1964, o logo não sofreu mudanças significativas. Eventualmente foram feitas pequenas e até imperceptíveis modificações no escudo, além da modernização dos contornos.
Abaixo os escudos com anos aproximados de sua utilização:
Estrelas
Com a conquista dos grandes títulos em 1981 e 1983, o Grêmio decidiu destacar suas glórias, com isso em 1985 criou um adorno em seu escudo. O Grêmio adicionou três estrelas, uma de bronze em referência ao Brasileiro de 1981, outra prateada pela Libertadores de 1983 e uma terceira em dourado pelo Mundial de 1983.
As estrelas começaram a fazer parte inclusive da camisa do clube, prática que se mantém até hoje. Em que pese ainda seja utilizada, as estrelas atualmente possuem outro significado. Com as conquistas obtidas após a década de 80, o Grêmio destaca a estrela de bronze como as conquistas nacionais, Campeonatos Brasileiros, Copa do Brasil, Supercopa do Brasil; a estrela de prata se refere as conquistas continentais, Copas Libertadores e Recopa e a dourada pelo Mundial.
Bandeira
Assim como outros clubes e instituições, o Grêmio possui uma bandeira, hasteada a muitos anos em frente à seu estádio e presente massivamente na torcida em dias de jogos. A bandeira do Grêmio, assim como o escudo e a camisa, sofreram muitas alterações durante os anos antes de se tornar o que é hoje. Em que pese o primeiro fardamento ter sido escolhido bicolor - camisa listrada azul e havana - a bandeira do Grêmio ostentou, desde o começo, as três cores tradicionais. As cores do clube evoluíram ainda no primeiro ano de vida, do azul, preto e havana para o azul, preto e branco.
A primeira bandeira do Grêmio foi criada em 1904 tendo sido utilizada na passeata de inauguração do Estádio da Baixada no dia 14 de agosto. A bandeira de cores azul, preto e branco possuía listras intercaladas das respectivas cores e o escudo do clube no canto superior esquerdo, permaneceu como bandeira oficial até 1918.
Em 1918 o Grêmio acabou substituindo a primeira bandeira. O estandarte de caráter comemorativo tinha o mesmo formato da Bandeira do Brasil, com as cores do Grêmio e escudo do clube ao centro. A nova bandeira nasceu da imaginação patriótica da torcida e foi oferecida ao Grêmio por uma fiel torcedora para ser hasteada ao lado da então bandeira do clube em virtude da primeira vitória contra um time estrangeiro em 1916, mas, com o tempo, acabou substituindo a tradicional bandeira de 1904.
No dia 28 de maio de 1944 o Grêmio hasteava no Fortim da Baixada sua terceira bandeira, substituindo a então bandeira de 1918. A terceira mudança da bandeira foi forçada pela existência de vedação legal na utilização de símbolos nacionais. A nova bandeira em fundo azul como a antecessora, tinha o escudo do clube à esquerda, com seis linhas, sendo uma horizontal, em preto cortando ao meio a bandeira, uma vertical na mesma posição do símbolo e outras quatro em diagonais em branco, das pontas indo a encontro do símbolo. Na oportunidade o então dirigente do clube, Ary Delgado, discursou "Assim como as pessoas já encontram ao nascer a responsabilidade de um nome, esta bandeira hoje entregue ao Grêmio encontra uma gloriosa tradição".
As recorrentes mudanças na bandeira inaugurada em 1944 acabaram mudando a o local do escudo e a forma da bandeira, se assemelhando a bandeira da Grã-Bretanha, da mesma forma o escudo passou a levar a palavra GRÊMIO em destaque. A bandeira, em que pese a mesma, foi alterada novamente em 1970 quando passou a ostentar uma estrela dourada, em homenagem ao grande jogador Everaldo Marques da Silva, o primeiro atleta atuando por um clube gaúcho a ganhar uma Copa do Mundo de Futebol. A bandeira do Grêmio ainda passaria por pequenas modificações, mas nada que alterasse sua estrutura, que se mantém até hoje.
Abaixo réplicas aproximadas das bandeiras do Grêmio:
BANDEIRAS DO GRÊMIO DESDE 1903 | ||
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1904-1918 | 1918-1944 | 1944-1963 |
1963-1970 | 1970 e Atual |
Estrela Dourada
No dia 30 de junho de 1970, o Conselho Deliberativo do Grêmio realizou sessão solene para homenagear um dos maiores atletas gaúchos de todos os tempos, Everaldo Marques da Silva, nascido em Porto Alegre e até então atleta do clube, havia vencido o Mundial de Seleções no México, seis dias antes. A conquista, por si só grandiosa, trazia consigo outra grande façanha, Everaldo se tornara o primeiro jogador atuando por um clube gaúcho a se sagrar campeão mundial.
Pela façanha histórica, Everaldo recebeu o título de Atleta Laureado, duas cadeiras vitalícias no Estádio Olímpico Monumental e, a principal homenagem: uma estrela dourada em sua memória na bandeira do clube, para que o fato marcante para o futebol gaúcho fosse perpetuado.
Camisa do Grêmio
Hino do Grêmio
Mascote
Não são precisas as informações a respeito do mascote do Grêmio, mas o fato principal confirmado pelas diversas fontes é que o mascote do Grêmio foi instituído graças a criação do chargista Pompeo, profissional do jornal Folha da Tarde, no ano de 1946.
Algumas fontes dizem que as tiras de charge eram publicadas nas segundas-feiras, outros dizem que eram nas terças-feiras e quintas-feiras, independente disso, é fato comprovado que fizeram razoável sucesso entre os torcedores, sobretudo os gremistas, que levavam a imagem do mosqueteiro, criada por Pompeo ao estádio.
Segundo informações, a imagem do mosqueteiro foi reproduzida em faixa com dizeres "Com o Grêmio, onde estiver o Grêmio", que futuramente foram adaptados e incorporados ao hino do clube, composto por Lupicínio Rodrigues. A frase acompanhou o desenho do mosqueteiro e ambos acabaram fazendo sucesso e parte da história do clube.
No livro Futebol e identidade social de Arlei Sander Damo, o escritor cita relato do gremista ilustre e supostamente um dos autores da faixa supracitada, Salim Nigri, sobre a história por trás do mascote gremista:
- Segundo Salin, o mosqueteiro foi mesmo invenção do chargista Pompeu, da Folha da Tarde/Correio do Povo. Antes mesmo de iniciar o Campeonato Gaúcho de 1946, disputado apenas pelos clubes de Porto Alegre, a Folha da Tarde já anunciava que, às terças e sextas-feiras, seriam publicadas as charges do Pompeu e fazia uma breve explanação sobre o enredo e o perfil dos personagens. Resumidamente, “O Casamento da Rosinha” era uma metáfora sexual na qual a Rosinha, “moça esbelta e vaidosa”, simbolizava o campeonato e, seus pretendentes, os clubes. Tinha o Zé Marmita, representando os colorados – “democrata cem por cento/quando surge o povo grita/Salve o Dr.Marmita”-, o Mosqueteiro, gremista – “esgrimista das palavras e da pelota” – e outros como o Seu Dindim, do Força e Luz – clube ligado à Companhia Carris, responsável pelos bondes – e o Seu Sertório, do Renner – um dos últimos “clubes de fábrica” do futebol gaúcho. O flerte da semana seguia de acordo com os resultados do domingo e, à medida que se aproximava o final do campeonato, a Rosinha voltava as suas atenções apenas para o Zé Marmita e Mosqueteiro, tendo, este Último, seduzido a moça. Cf Folha da Tarde entre 18/5/1946 e 1/10/1946.
A adesão ao mosqueteiro como mascote do clube aconteceu ainda em 1946. Segundo o Grêmio o mascote simboliza a união e a bravura com que os gremistas se entregam à disputa, seguindo o espírito de “um por todos e todos por um”, como os mosqueteiros do romance de Alexandre Dumas.
O mascote possuiu inúmeras formas, inicialmente foi baseado na figura de um folclórico diretor gremista, Francisco Maineri. O primeiro mascote foi retratado como um sujeito rechonchudo e alegre, posteriormente surgiram outras imagens, oficiais ou não, sendo que atualmente o Grêmio adota um mascote atlético e alegre, criado nos anos 2000, além de divulgar o mascote de seu site GremioToons. Abaixo alguns mascotes oficiais ou não, relacionados ao Grêmio:
Mascotes do Grêmio desde 1903 | |||||
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Mascote de 1967 | Outros | Outros | Mascote de 2000 | Outros | Mascote GremioToons |
Jornal O Mosqueteiro
Para difundir a ideia do Mosqueteiro como mascote do clube, foi criado em 1946 o Jornal O Mosqueteiro que trazia notícias e curiosidades sobre o clube.
Publicações
- Livros
- DAMO, Arlei Sander. Futebol e identidade social. Uma leitura antropológica das rivalidades entre torcedores e clubes. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. ISBN 85-7025-635-3