3ª Excursão do Grêmio - América do Sul
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Dados | ||||
Local de disputa | ![]() | |||
Período | 13 de maio de 1949 – 16 de maio de 1949 | |||
Jogos | 1 | |||
Vitórias | 1 | |||
Empates | 0 | |||
Derrotas | 0 | |||
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Pouco depois de vencer de maneira invicta o Torneio Extra de Porto Alegre em 1949, o Grêmio foi convidado a participar das celebrações do jubileu de ouro do Club Nacional de Football. Uma rápida troca de telegramas entre as direções dos dois clubes organizou a primeira visita do Grêmio à capital uruguaia. As negociações foram auxiliadas pelo cônsul gremista em Montevidéu, o senhor Julian Bertola Alareo (ex-atleta dos dois clubes) e pelo cônsul nacionalista em Porto Alegre, Martim Schenini Aranha (ex-atleta e ex-presidente gremista). O Nacional era bicampeão uruguaio, porém o futebol retornava ao país vizinho após uma longa greve causada por uma disputa entre atletas e dirigentes.
A missão gremista
A embaixada do Grêmio que se dirigiu a Montevidéu e que foi calorosamente recebida no aeroporto por dirigentes do Nacional estava assim composta:
- Chefe da delegação: Saturnino Vanzelotti (presidente).
- Comissão organizadora: Ary Delgado (secretário) e Alfredo Augusto Cauduro (tesoureiro).
- Convidados de honra: Martim Schenini Aranha (cônsul do Nacional em Porto Alegre) e Aneron Corrêa de Oliveira (presidente da FRGF).
- Comissão técnica: Otto Pedro Bumbel (técnico), Romeu Seelig (massagista) e Derly Monteiro (médico).
- Jogadores: Sérgio Moacir Torres Nunes, Clarel Reynaldo Kauer, Johnny Luiz Alves, Hugo Seelig, Nelson Ruben Adams, Caetano Allegretti, Antônio Carlos Lourenço, Hermes Nunes da Conceição, Breno Steffen, Alvaro José Soares, Ariovaldo Wendt, Júlio Heinzelmann Petersen, Danton Andrade Araújo, Aurélio Mirage Fernandes, Laudemiro Nestor Gomes e Bonifácio Ubirajara da Porciúncula Nunez.
- Imprensa: Acélio Daudt (jornalista, da Folha da Tarde) e Américo Magadan (repórter fotográfico).
- Demais dirigentes e associados: Alfredo Obino, Silvio Toigo Filho, João Selhane, Quirino de Freitas Bicca, Cesar Orsini, Henrique Amábile Filho, Osmar Martins, Orfeu Caliendo, Romeu Olimpio Dornelles, Manoel Esteves e Manoel Löff Júnior.
Antes da partida
As estimativas de publico presente no Estádio Centenário para a festa de 50 anos do Nacional ficaram em torno de 35 a 45 mil pessoas. Entre elas, estiveram presenças ilustres, como a de Luis Battle Berres, presidente do Uruguai, e Germán Barbato, intendente de Montevidéu. Um grande desfile foi aberto pela banda do exército uruguaio, ao que se seguiram representações de praticamente todas as equipes esportivas de Montevidéu, liderados pela comitiva do grande rival Peñarol. Enquanto isso, uma chama simbólica percorria as ruas da capital uruguaia passando por todos os locais que representavam a história do Nacional. Depois de um sobrevoo de aviões do Aero Club Del Uruguay e de um balão lançar bandeiras e flâmulas com as cores do Nacional sobre o público presente, adentrou o campo uma imensa delegação de atletas, ex-atletas e dirigentes nacionalistas, representando todos os esportes praticados no clube. Após todos estarem organizadamente dispostos no campo, adentrou o Centenário o maratonista Oscar Moreira com o fogo simbólico e acendeu a chama votiva em frente a tribuna oficial do estádio. A bandeira uruguaia foi então hasteada ao som do hino nacional. Um festival de fogos e uma revoada de pombos encerraram a cerimônia e marcaram a dispersão das comitivas. Só então o Grêmio entrou no gramado para o amistoso, carregando uma escudo de flores e uma bandeira do Nacional.
O jogo
Segundo reportagens dos jornais porto-alegrenses, os uruguaios desconheciam o futebol do Grêmio. A Folha da Tarde Esportiva sugere, inclusive, que o Nacional teria apenas escolhido um adversário fácil para as comemorações de seu centenário. Nervoso em campo, antes do segundo minuto da partida, o Grêmio sofreu um gol marcado por José Garcia. Aos 15 minutos, no entanto, o Grêmio já havia se acertado e tomava conta do jogo. O gol de empate foi marcado aos 18 minutos por Teutônio (embora alguns jornais tenham creditado como gol contra do zagueiro Raúl Pini). Na volta do segundo tempo, o Grêmio desperdiçou algumas boas chances até que Álvaro sofreu pênalti de Raúl Pini. Aos 23 minutos, Geada cobrou o pênalti e virou o jogo. Antes dos 30 minutos do segundo tempo, Hugo acabou sendo expulso por uma jogada violenta que, segundo a Folha da Tarde, ocorreu como vingança por uma falta grave de Rodolfo Pini em Nelson Adams não marcada no lance anterior. Aos 32, o juiz assinala uma penalidade cometida por Danton, que acaba sendo desperdiçada por Walter Gómez. Segundo o diário uruguaio El País, ambas as penalidades foram mal marcadas. Clarel, lesionado, é retirado de campo aos 35 minutos do segundo tempo, num lance em que não foi marcada falta. Logo depois, Alegretti arriscou da entrada da área e marcou o terceiro gol gremista.
Troféu Sadrep | Nacional-URU ![]() | 1 - 3 | ![]() | Estádio Centenário, Montevidéu, URU |
Jogo único sábado, 14 de maio de 1949 | José Garcia ![]() | Relatório | ![]() ![]() ![]() | Público: 35.000 Renda: Cr$ 108.000,00 Árbitro: ![]() |
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Pós-jogo
Logo após o jogo, a comitiva do Grêmio participou da inauguração de uma exposição de troféus do Nacional. À noite, a delegação participou de um grande banquete para oferecido pelo clube uruguaio no Parque Hotel. No dia seguinte, um domingo, uma pequena representação liderada pelo presidente Saturnino Vanzelotti visitou o lendário ex-atleta gaúcho Sezefredo Ernesto da Costa, mais conhecido como Cardeal, que estava internado para tratamento de saúde no sanatório da cidade. A Cardeal foram entregues uma bola de futebol produzida em São Leopoldo (e que levava seu nome em homenagem) e uma importância em dinheiro, que foi angariada numa campanha organizada pelo Grêmio, pela FRGF e pelo empresário Hedo Michel. Cardeal viria a falecer alguns meses depois, em 4 de agosto de 1949.
Retorno a Porto Alegre
O Grêmio chegou ao Rio Grande do Sul na tarde do dia 16. Desembarcou de voo especial na Base Aérea de Canoas, onde a comitiva foi recebida pelo prefeito de Porto Alegre, o Sr. Ildo Meneghetti, e por representantes de diversas agremiações da capital. Um grande cortejo foi organizado, sendo que o troféu conquistado no país vizinho foi carregado à frente, em carro aberto, nas mãos do presidente Saturnino Vanzelotti. Ocorreu uma concentração no final da Avenida Farrapos e, daí, os carros seguiram até a sede social do clube na Rua dos Andradas, passando pelas ruas São Pedro, Benjamin Constant, Coronel Bordini, 24 de Outubro e Independência.
No dia 17 à noite, o Grêmio disputou um amistoso contra o Renner no Estádio Tiradentes. O clube dos industriários organizou uma série de homenagens, incluindo um espetáculo pirotécnico e uma placa de prata alusiva à conquista do Grêmio. Toda a delegação foi convidada presenciar um espetáculo promovido pela Casa do Artista Rio-Grandense, no dia 23 de maio, onde receberam medalhas comemorativas. A Folha da Tarde distribuiu cartões postais com a fotografia da volta olímpica dos atletas gremistas no Estádio Centenário.