Predefinição:História de Aírton Ferreira da Silva
História
Aírton Pavilhão É um dos maiores jogadores do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, com 19 títulos oficiais conquistados, um recorde na história do clube.
Início da Carreira
Aírton começou a jogar futebol na várzea de Porto Alegre por um clube chamado São Lourenço. Em seguida, foi para os juvenis do Força e Luz. Iniciou sua carreira como primeiro volante. Desde seus 13 anos, Aírton foi tido como um excelente jogador, ainda que atuando com atletas mais velhos do que ele. Profissionalizou-se pelo Força e Luz, ainda em 1949, passando ao time principal depois de apenas uma partida pelos aspirantes.[1] Apontado como uma grande promessa, sempre teve por característica a segurança e sua qualidade técnica apuradíssima para um defensor.
A Transferência
A qualidade do atleta não passou despercebida aos olhos da direção do Grêmio. Aos 20 anos de idade e chegando na maturidade da carreira, Aírton despertou o interesse do tricolor, mais precisamente do treinador húngaro László Székely. Após a conclusão do Estádio Olímpico, em nova vida, de casa nova e começando enfim a investir na equipe de futebol, o Grêmio foi atrás da jovem promessa do Força e Luz. A transferência para o Grêmio foi bastante curiosa, o clube ainda tinha posse do seu velho pavilhão social do Estádio da Baixada, que foi envolvido na negociação do atleta somado ao valor de 50 mil cruzeiros. O velho pavilhão, que foi entregue ao clube da Timbaúva como parte do pagamento do passe do atleta, rendeu ao jogador o eterno apelido de Aírton Pavilhão.
A transferência para o Grêmio ocorreu em 23 de junho de 1954.
Início no Grêmio
Estreou no dia 1º de agosto de 1954, em um empate com o Cruzeiro de Porto Alegre. Meses depois, sob o comando de Oswaldo Rolla, Aírton passou a atuar como zagueiro, ganhando notório espaço entre os titulares. A partir deste momento que se firmou como um dos mais espetaculares zagueiros que já andaram pelos gramados gaúchos.[2]
Toque refinado, sempre atuando de cabeça erguida, sem jamais usar de deslealdade e com uma qualidade técnica poucas vezes vistas em zagueiros. Essas foram as características que marcaram sua carreira.
Essa qualidade técnica é reconhecida por todos os que o viram jogar, sempre citando um lance emblemático: Em uma partida entre Grêmio e Santos, além de ter anulado completamente o "rei" Pelé, ainda aplicou um "chapéuzinho" no atleta santista.
Uma de suas jogadas mais características, era levar a bola até o limite da linha de fundo, e de lá, recuar com um toque de letra para as mãos do goleiro. Algo praticamente inédito até os dias atuais.
Transferência para o Santos
As boas atuações no Grêmio no final década de 50 não passaram despercebidas, e logo, o Santos se interessou pelo futebol do defensor e o levou para o litoral paulista. A transferência ocorreu em março de 1958. O zagueiro foi emprestado por 40 dias, a fim de disputar o Torneio Rio-São Paulo. Em troca, o Santos ficou de emprestar por 10 meses o ponta Dorval. Essa troca não acabou ocorrendo, pois Dorval não quis voltar para Porto Alegre. Desta forma, Mourão, Alfredinho e Darci vieram em seu lugar.
Conta a lenda que Aírton Pavilhão tinha muito medo de viajar de avião e isso dificultou a adaptação do zagueiro em sua nova equipe. Segundo Aírton, "O Santos viajava muito", encurtando sua passagem no futebol do centro do país. Efetivamente, o defensor não se adaptou ao clube paulista, e depois de atuar em apenas dois jogos, voltou ao Grêmio por livre iniciativa.
Retorno ao Grêmio
Menos de um mês depois do empréstimo ao Santos, Aírton retornou ao Grêmio. Uma peça fundamental da espetacular geração dos anos 50 e 60 do Grêmio, Pavilhão continuava sendo o grande destaque na defesa tricolor. Com virilidade e uma técnica ainda mais apurada, no auge de sua carreira, ajudou o Grêmio a empilhar diversos campeonatos e a alavancar o clube para uma projeção nacional. No Grêmio venceu 11 campeonatos gaúchos em 12 disputados, além de diversos citadinos e o Sul-Brasileiro invicto de 1962.
Sua última partida com a camiseta gremista foi no dia 6 de novembro de 1967, no empate contra o Perdigão, na cidade de Videira, em Santa Catarina.
Já em baixa, permaneceu no Grêmio por mais alguns meses até meados de 1968, onde renovou com o clube e foi emprestado ao Cruzeiro de Porto Alegre. Após o fim do empréstimo, acabou obtendo o passe livre, pois tinha mais de 10 anos de serviços prestados ao tricolor e 34 anos recém completados. Essa era a condição para conseguir seu próprio passe. Assim, depois de 14 anos de contrato e de diversas glórias e títulos, se desligou definitivamente do Grêmio.
Posteriormente, teve uma rápida passagem pelo Barroso-São José e encerrou sua carreira em 1972, atuando pelo Nacional de Cruz Alta, onde também foi treinador.
Seleção Brasileira
Aírton Pavilhão também vestiu a camisa da Seleção Brasileira. Na condição de suplente, conquistou o título do Campeonato Pan-Americano de 1956. Ademais, como titular e capitão, foi vice-campeão pan-americano de 1960 na Costa Rica, inclusive eleito o melhor zagueiro-central pelo jornal local "La Nación". Nessas duas competições a seleção brasileira foi representada pela Seleção Gaúcha de Futebol.
Também participou da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1962, esteve convocado na primeira lista, onde era o único jogador fora do eixo Rio-São Paulo. Acabou sendo cortado pelo técnico Aymoré Moreira, que preferiu levar Bellini e Mauro, campeões do mundo em 1958.[3]
Falecimento e Legado
Entre as várias homenagens que recebeu ainda em vida, Aírton deu o seu nome para um dos pavilhões do Centro de Treinamentos de Eldorado do Sul, utilizado para os treinamentos da categorias de base do Grêmio. Também foi atleta laureado do Grêmio e homenageado na Calçada da Fama, além de ter atuado como conselheiro do clube entre 2007-2012.[4]
Em 3 de abril de 2012, faleceu aos 77 anos de idade, vítima de uma infecção generalizada nos órgãos.[5]
No dia 30 de março de 2016, foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o projeto da criação da rua Aírton Ferreira da Silva - "O Pavilhão", localizada no Bairro Humaitá, próximo a atual Arena do Grêmio.[6]
Além de marcar seu nome como um dos mais extraordinários zagueiros que já pisaram no Brasil, Aírton ainda deixou um legado vitorioso com a camiseta tricolor, com a retomada da hegemonia do clube no estado, de sempre ser lembrado e reverenciado na memória, pela torcida que outrora teve a grande honra de reverencia-lo pelos gramados do Olímpico.
“ | O Aírton foi um dos maiores defensores que tive a oportunidade de ver jogar e de jogar contra e a favor. Ele tinha uma colocação maravilhosa, uma visão de jogo excepcional. Pelé | ” |
Títulos
Seleção Brasileira
- Campeonato Pan-Americano: 1956
Entrevistas
Agradecimento
Agradecemos ao acervo do Jornal "Diário de Notícias", "Jornal do Dia" e do "Correio Rio Grandense" da Biblioteca Nacional, que com as informações fornecidas permitiram recuperar fato importante da história do Grêmio.
- ↑ Revista do Grêmio. Porto Alegre, n. 4, p. 9, 1956.
- ↑ Luís Eduardo Gomes. Entrevista com o Pavilhão. Visitado em 10 de dezembro de 2018.
- ↑ Assessoria CBF. "Eu joguei na Seleção Brasileira": Aírton foi convocado para a Copa de 1962. Visitado em 10 de dezembro de 2018.
- ↑ Globoesporte. Morre o ex-zagueiro do Grêmio Airton Pavilhão. Visitado em 11 de dezembro de 2018.
- ↑ UOL. Zagueiro histórico do Grêmio, Airton Pavilhão morre aos 77 anos. Visitado em 11 de dezembro de 2018.
- ↑ O Sul. Airton Pavilhão vira nome de rua perto da Arena. Visitado em 11 de dezembro de 2018.